Não foi há muito tempo, mas nos tempos da faculdade o único momento em que tinha de lidar com o tema de gestão de finanças era quando geria a minha mesada. O sistema era simples: os meus pais transferiam-me a mesada, eu levantava, carregava saldo no telemóvel, consultava raramente os saldos e movimentos, e pronto. O cartão foi a minha mãe que escolheu, do banco do qual ela era cliente. Nada de especial a apontar.
Quando fui estudar durante seis meses para Roma a minha mãe entregou-me um cartão de crédito e disse-me: “Filha, guarda o cartão de crédito em casa. Usa-o apenas se acontecer algum imprevisto, se o teu cartão não funcionar ou se to roubarem.”
Escusado será dizer que não precisei de duas semanas na cidade eterna para algum malfeitor se aproveitar da minha distração e me levar a carteira.
Bendita mãe que tem sempre tudo pensado. Até conseguir resolver as questões relacionadas com os documentos (também me tinha dito para não levar os documentos sempre comigo, mas naquele dia não tive esse conselho em consideração), recorri ao cartão de crédito.
O problema é que a minha mãe achava que eu sabia como funcionava um cartão de crédito (realmente, não tem muito que saber, certo?) mas eu simplesmente achei que fosse a mesma coisa que um cartão de débito.
Os resultados deste “mal-entendido” não foram bonitos… Por isso deixo-vos os cinco conselhos que considero indispensáveis para quem nunca mexeu num cartão de crédito e que me teriam sido muito úteis há uns anos atrás.
Um cartão de crédito pode ter mais vantagens do que um de débito
Antes de mais, um cartão de crédito vai trazer-te muitas vantagens e em muitos momentos pode facilitar-te a vida como nunca antes imaginaste ser possível:
- Vais poder fazer encomendas online onde quiseres;
- É uma alternativa ao cartão de débito se este, por alguma razão, não funcionar;
- Podes pagar mais tarde por algo de que precises agora;
- Permite-te fazer reservas de hotéis ou de atrações turísticas;
- Dependendo do cartão, pode dar-te não só descontos em estabelecimentos parceiros: (cinemas, restaurantes, lojas ou hotéis) mas também seguros, como seguro de viagens, sem teres de pagar mais por isso;
Ainda assim, é importante teres cuidado ao escolher o cartão e, sobretudo, ao utilizá-lo, e ter em conta outros serviços concorrenciais que podem simular a existência do cartão de crédito.
1. Evita levantar dinheiro com o cartão de crédito
É possível fazê-lo, mas consulta as taxas e comissões que o banco cobra por este levantamento e vais perceber porque é que recomendo que não o faças de ânimo leve.
Ou seja, se for mesmo (MESMO) necessário, podes levantar dinheiro – aproveita e levanta tudo o que precisas de uma só vez, porque entre as taxas cobradas há uma que é fixa.
2. Não confies que vai ser de graça
Ao escolheres o teu cartão, tem atenção à anuidade. Os cartões que têm mais vantagens têm, normalmente, uma anuidade alta associada. Se não prestares atenção a este fator, podes pagar bem caro por ofertas e promoções das quais provavelmente nem sequer vais tirar proveito. Há cartões que não têm anuidade mas, se não os usares, obrigam a um pagamento periódico por não utilização. Por outro lado, há outros que têm anuidade mas que, se usares um determinado montante por mês, não é cobrada.
Por isso, não partas do princípio de que um cartão de crédito vai custar caro, mas também não confies que são todos de graça. Analisa bem primeiro todas as tuas opções. Aqui tens acesso a todas as informações mais importantes sobre cada cartão de crédito para poderes compará-los.
3. Consulta o extrato bancário regularmente
Já deves ter ouvido falar de clonagem de cartões de crédito. Se tiveres atenção ao teu extrato bancário poderás identificar movimentos que não tenhas feito. Se notares alguma irregularidade, o banco deve ser avisado de imediato para que a situação seja regularizada. Podes fazê-lo através da app do teu banco sempre que queiras e em alguns casos podes pedir que te enviem uma notificação por SMS sempre que se registar um movimento com o cartão.
Na Ficha de Informação Normalizada do cartão tens toda a informação sobre o procedimento do banco nesses casos, que varia de acordo com as instituições e pode variar de cartão para cartão.Há cartões que não te permitem reaveres o teu dinheiro se o montante roubado ultrapassar um determinado valor, pelo que também é sensato prestares atenção a esse aspeto antes de escolheres o cartão.
4. Paga o cartão no prazo devido
O cartão de crédito é quase como se fosse um pequeno empréstimo que tens disponível no bolso, para alguma eventualidade. Significa que tens um prazo (geralmente de 30 ou de 50 dias) para pagares de volta o valor que “pediste emprestado” quando usaste o cartão. Se ultrapassares este prazo, aplicam-se juros. Ou seja, terás de pagar um extra que corresponde a uma percentagem do valor que deves. Esta percentagem é a TAEG e varia de cartão para cartão. Mas pagar o cartão com juros não é recomendável.
5. Não abuses do cartão
Ok, é verdade que é óbvio que deves evitar este erro, mas não podemos deixar de o referir. É preciso alguma cabeça fria: o cartão de crédito facilita muito a vida, mas se não medires os gastos podes meter-te numa situação muito complicada.
Portanto, não gastes o dinheiro que não tens.