É impossível não teres ouvido falar sobre a Crise Climática, um dos temas em voga na atualidade, senão o tema em voga. O meio ambiente e a sua progressiva degradação estão em constante discussão. Deste modo, por muito cético que se seja em relação ao mesmo é impossível este passar em branco.
Mas afinal o que é a Crise Climática?
A crise climática é, como o nome indica, uma crise fruto das mudanças climáticas, originadas pelo aquecimento global que, por sua vez, é causado pelo ser humano e se deve ao aumento da concentração de gases com efeito estufa na atmosfera.
É importante esclarecer que o efeito de estufa é um processo necessário para a manutenção da vida no planeta, pois é só através desta retenção de calor natural que o planeta mantém temperaturas adequadas para a subsistência das espécies.
No entanto, o aumento significativo da temperatura tem implicações na manutenção dos ecossistemas e dos seus seres vivos. Este fenómeno decorre sobretudo da atividade humana, nociva para o ambiente, são exemplos desta atividade o desmatamento das florestas, a utilização de combustíveis fósseis como fonte principal de energia e o consumo intensivo de recursos e bens não recicláveis, ocasionando uma grande produção de lixo que “desnutre” a Terra com a constante produção.
Há negacionistas que dizem que estes efeitos climatéricos (adversos) são produto natural do planeta, que é só chuva e só sol, só falta de água no lugar x, SÓ... que mesmo que a humanidade se comportasse da forma mais sustentável possível as catástrofes que se estão cada vez mais a verificar (como a que ocorreu recentemente em Valência) ainda ocorreriam.
Quantas mais evidências serão necessárias para provar o contrário?Quantas mais catástrofes precisaremos de lamentar para compreendermos a imensidão do problema que enfrentamos?
A crise climática nada tem de natural no sentido em que este não é o rumo que o nosso planeta deveria tomar, mas ao invés é o caminho que consegue seguir, é o mecanismo através do qual se consegue defender da nossa ação.
O ser humano exerce uma pressão imensa sobre o planeta e os seus recursos. A mentalidade imediatista e consumista do Homem vem piorar esta situação. Queremos as coisas no momento, as últimas tendências, o mais fácil e rápido possível.
Esquecemo-nos que a natureza não possui a capacidade de satisfazer as nossas necessidades a esse mesmo ritmo.
Na mesma medida em que existem pessoas que pouco ou nada se importam com o ambiente, existe também quem dê atenção ao planeta e queira apoiar a causa que visa diminuir o nosso impacte sobre o mesmo, impacte que afeta a nossa saúde, saúde mental inclusive.
O que muitas vezes acontece, sobretudo com pessoas em idades mais jovens, é o sentido de pequenez face a um problema tão grande. A eco ansiedade, uma das consequências identificadas na saúde humana, “consiste no medo, na angústia, na incerteza relativamente ao futuro e face às alterações climáticas irreversíveis que estão a ocorrer no mundo, nomeadamente desastres ambientais como secas, cheias, incêndios, tempestades e outros eventos ambientais extremos. Este tipo de ansiedade é resultado não só daquilo que acontece atualmente, mas também das previsões feitas pela comunidade científica e que podem afetar, por exemplo, a subsistência e a habitação, assim como a vida das próximas gerações.”, segundo a CUF.
O que fazer para ajudar? Que medidas e hábitos adotar?
Ainda que esteja provado que os 10% mais ricos são responsáveis por 20 vezes mais poluição em comparação com os 50% mais pobres do mundo, não nos podemos desresponsabilizar do impacto que o planeta sofre apenas por não sermos os maiores causadores do mesmo. O que interessa é agir e não fugir às responsabilidades e responsabilizações.
Deste modo, escolher o que consumimos, a qualidade e quantidade do que consumimos, a origem, ética e sustentabilidade da sua produção é o primeiro passo para a mudança dos nossos hábitos para um cotidiano mais consciente e verde.
De acordo com a doutora em ecologia Ana Lúcia Tourinho: "Temos de ser mais participativos na compreensão do que compramos e consumimos. No geral, não estamos muito preocupados com isso. Sempre que possível é preciso apostar em serviços e produtos que realmente estão a diminuir as emissões e não apenas dizê--lo".
Para conter o agravamento do efeito de estufa e, consequentemente, controlar o aquecimento global, precisamos de rever os hábitos de consumo da sociedade e adotar uma postura mais sustentável. Isto pode refletir-se no uso de energias provenientes de fontes renováveis, na contenção do desmatamento, na prática do reflorestamento, na diminuição da produção de lixo e no desenvolvimento de materiais ecologicamente corretos para o nosso quotidiano.
Devemos diminuir o consumo de embalagens, de produtos que contenham plástico e preferir o natural, o duradouro e local. Reciclar e restaurar em vez de descartar e comprar novos itens, preferir os produtos sazonais e locais de modo a diminuir a poluição derivada dos transportes, consumir menos produtos de origem animal, que para além de sofrerem maus tratos nas grandes indústrias poluem imenso ao longo da sua exploração e são os maiores consumidores de água (Segundo a ONU se a indústria pecuária reduzisse 10% do seu consumo de água, isto seria o suficiente para abastecer o dobro da população mundial. Para não falar nas enormes emissões de gases de efeito estufa da mesma), entre outros.
Retiveram alguma coisa? Pouco deduzo, trata-se da usual enumeração de medidas que podemos tomar para tornar o mundo mais verde. Um disco riscado, que não diz nada de errado, mas que também não cumpre nenhuma missão, passou a ser uma daquelas publicidades maçadoras que toda a gente já decorou.
Para conter o aquecimento global efetivamente estagnar precisamos de rever os nossos hábitos, a fim de tomar decisões pessoais e apenas depois coletivas, que priorizem a integração dos hábitos humanos em parâmetros cada vez menos negativos para a natureza.
Traduzindo, devemos pensar nos nossos atos isoladamente antes de pensar no todo da sociedade. Devemos questionar-nos diariamente: “Como é que tudo o que eu faço num dia desde a hora que me levanto à hora em que me deito impacta o ambiente?” e “Como posso melhorar?”
Não precisamos de ser todos perfeitos, 100% inofensivos para o planeta. Mas podemos tentar ser quase perfeitos, ser o melhor que conseguimos com aquilo que temos ao nosso alcance. A imperfeição de sermos o mais sustentável possível é o caminho para uma sociedade menos nociva para o globo.
Paralelamente às medidas de mitigação para conter o aquecimento global, devemos promover medidas de adaptação às mudanças climáticas, tais como:
➡️A construção de edificações e infraestruturas mais seguras e sustentáveis.
➡️A reflorestação das florestas e restauração dos ecossistemas danificados.
➡️A diversificação dos cultivos para que se adaptem melhor a climas mais mutáveis.
➡️A pesquisa e desenvolver soluções inovadoras para a prevenção e gestão de catástrofes naturais. Desenvolver protocolos de atuação no caso de emergências climáticas.
É de salientar que este tipo de medidas diferem entre si. Assim, por muito que as grandes empresas poluam com as suas indústrias e sejam responsáveis por isso, isto não quer dizer que o estado em que está o planeta se deva exclusivamente a elas. Infelizmente, muita gente se mune com esta desculpa quando confrontada com o papel que desempenha no agravamento das alterações climáticas e com o que pode fazer para as atenuar.
Transferir culpas para estas empresas nada fará para reverter o estado do nosso planeta. Se alguém arrancar uma árvore com uma retroescavadora e eu, mais um grupo de pessoas, a auxiliar, mobilizando ferramentas e a própria árvore para que esta possa ser retirada, posso dizer que não tive parte nesta remoção? Que nada fiz para a remover? Talvez surgisse a resposta “bom, mas sem mim ela seria retirada na mesma”, talvez sim, mas se de facto eu me consciencializasse para o facto de que remover a árvore é errado e não desse o meu contributo, e a pessoa 1 também o fizesse, seguida da pessoa 2 e assim consequentemente, sem que restasse ninguém para além do operador da máquina, o que ocorreria? Pois, assim sendo, mesmo que existisse uma máquina de grande porte e um operador competente, sem alguém que ligasse os cabos da mesma à árvore, sem alguém que delimitasse as distâncias, sem alguém que manuseasse instrumentos, sem alguém que manuseasse a árvore, sem alguém que assegurasse a segurança no perímetro… a árvore já não seria removida.
Caso não tenham reparado, a remoção da árvore e o contributo de cada indivíduo para o mesmo nada mais é do que uma metáfora com o ambiente, as suas alterações e o nosso contributo para o mesmo. Sendo as grandes empresas a retroescavadora e o seu operador, a árvore o planeta e os impactos que sofre e os “tão pequenos” indivíduos da sociedade os ajudantes que tanta diferença fazem para a remoção ou não da árvore. Não esquecendo, o contributo na remoção da árvore como sendo o incentivo que damos às empresas quando continuamos a suportá-las com o nosso consumo, muitas vezes impensado.
Não sejam a pessoa que ajuda a arrancar árvores, mas sim a plantá-las.