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Erasmus contado por quem lá está

15 Março 2018

Todos nós já ouvimos falar do programa Erasmus +, seja no ensino secundário ou no ensino superior. Todavia, os custos adjacentes, os sacríficos que envolve e a indecisão quanto ao destino conduzem a que, para a vasta maioria, este processo pareça um autêntico “bicho de sete-cabeças”
A questão que se impõe muitas vezes é “Ir ou ficar?”. De forma a que não restem grandes dúvidas, entrevistámos dois estudantes Erasmus com um testemunho real da experiência que, certamente, vos aguarda. 

Aqui fica a aventura do Erasmus relatada por quem lá está! 

João Pedro Barreiros, finalista do curso de Geografia e Planeamento Regional na NOVA-FCSH, vai a caminho do 5º mês de Erasmus em Liubliana, Eslovénia e, não obstante as temperaturas negativas que se sentem, a beleza ímpar do país não lhe é indiferente. 

 

Sempre quiseste fazer Erasmus? 

Nem por isso. Inicialmente, não fazia parte dos meus planos. No entanto, fui despertando um maior interesse em perceber as dinâmicas culturais de outro país que não o nosso e conhecer novas pessoas. 

Porquê a Eslovénia? 

Natureza, florestas e frio. É um país “pequenino” à semelhança de Portugal e, por isso, achei que me iria adaptar bastante bem e tinha a vantagem de estar numa localização central para visitar outros países. Liubliana é uma cidade extremamente segura e limpa. Eu ando de noite sem qualquer problema e as crianças vão sozinhas para a escola. 

Como te preparaste para Erasmus? 

Em termos práticos, comecei por me informar sobre as cidades que mais queria visitar e como o poderia fazer. Depois, veio a questão económica, analisar o custo de vida e outros fatores que interferiam com a minha estadia. Para além disso, contei com a ajuda do meu coordenador de Erasmus que, aliás, sempre me incentivou a levar o carro comigo. 

Em termos de bagagem... bom, é engraçado porque eu fiz a mala no próprio dia em que saí! Sou um rapaz um pouco impulsivo, então ia-me lembrando das coisas à medida que pensava no que tinha que fazer e foi a partir daí que preparei tudo. Levei muitos mapas comigo, o que é natural!

Até agora quais foram as maiores adversidades? 

As aulas são dadas em esloveno o que é, para muitos, um obstáculo, mas acaba por ser desafiante! Para além disso, tenho mais tempo para ler sobre assuntos que me interessam. Mas de resto, não tenho sentido grandes dificuldades, nem falta da família (desculpem). Sinto mais falta de Portugal e da comida portuguesa, dos nossos enchidos... Mas eu sou um amante de Portugal! 

Quais as vantagens do Erasmus? 

Poder conhecer novas pessoas, realidades, costumes… Sobretudo, é ter aquele sentimento de estar longe, de me sentir independente. No fundo, é como se estivesse a viver uma vida de emigrante, embora não seja tão real quanto isso. Sei que não tenho ninguém para me ajudar e isso faz-me crescer. É uma fase de transição do adolescente para o homem. 

Como avalias a experiência? 

Entusiasmante! Todos os dias é uma nova aventura, novos destinos à nossa espera, novas aprendizagens. É sentir que o tempo escasseia para tudo aquilo que quero conhecer. Aliás, quando vim para Erasmus queria visitar 10 países. Neste momento já percorri 6 e agora quero outros 10, conciliando tudo com os trabalhos e exames. Para além disso, a forte presença da comunidade portuguesa em Liubliana faz-me sentir em casa e isso deixa-me muito feliz!

Bruno Rocha, aluno de Ciência Política e Relações Internacionais da NOVA-FCSH, contagiado pelo encanto de Pisa - a “Cidade da Torre Inclinada” - aventurou-se, durante quatro meses em Itália e parece-nos que não foi nada fácil dizer Arriverdeci a este país do mediterrâneo. 

O que achas do programa Erasmus+? 

Ao longo do percurso académico de qualquer estudante universitário, por mero acaso, ou por manifesto interesse, somos confrontados com a possibilidade de realizar o Programa Erasmus+. A oportunidade de estudar noutra instituição universitária europeia – conquanto, esteja o estudante sujeito, geralmente, aos acordos proporcionados pelo seu Departamento e/ou Faculdade –, não é, para mim algo imperativo para o currículo académico do estudante universitário, ainda que seja, sem dúvida, uma experiência enriquecedora e que recomendo. 

Que conselhos dás a futuros alunos de Erasmus? 

Seja devido ao processo de seleção ou dos restantes motivos que marcam o quotidiano de cada um de nós, a alguns não é possível realizar o Programa Erasmus+. Neste sentido, a decisão de enveredar por um programa deste género não deve ser tomada de livre espírito, pelo contrário: deverá ser, a meu ver, uma decisão ponderada, tendo em consideração todos os custos, obstáculos, mas, também, vantagens adjacentes a esta aventura.

No fundo, qualquer estudante deverá ter em atenção, numa primeira instância, que não será fácil, seja burocraticamente, seja academicamente. E com isto não pretendo desencorajar qualquer um, mas, ao invés, alertar para a realidade seja qual for o destino! 

Quais os maiores desafios que enfrentaste? 

O alojamento, a língua de ensino ou o ambiente envolvente. 

Quais os aspetos positivos? 

Sem dúvida alguma, a possibilidade de experienciar novos métodos de ensino, aprender uma língua nova, desenvolver soft skills como a adaptabilidade, resolução de problemas, ou o pensamento crítico, mas, acima de tudo, contactar com outras culturas e dar valor à conhecida expressão “sair da nossa zona de conforto”, embarcado sozinho ou acompanhado numa aventura para terras, para muitos, desconhecidas. 

Quais as tuas considerações finais? 

No final, olhando para dois lados (positivo e negativo), penso que os sortudos, como eu, que foram capazes de realizar o Programa Erasmus+, não podem deixar de olhar para a experiência como algo construtivo, que não nos deixou indiferente – que nos fez crescer, se quisermos. Assim, embora todas as peripécias, recordo o Erasmus como um período de boas memórias

Esperamos que estes testemunhas e dicas te sejam úteis e que, na possibilidade de te candidatares ao programa Erasmus, usufruas, ao máximo, da tua experiência! 


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