Arregaça as mangas!

Escola – Universidade – Mercado de Trabalho: Eu transito, tu transitas, ele transita…

Coordenadora do Master Psychology in Business and Economics na Faculdade de Ciências Humanas da UCP
22 Maio 2018

A tua vida está cheia de transições... Uma transição incorpora uma mudança entre a situação atual e a situação desejada, ou seja, entre o que é e o que se pretende que seja. A transição pode ser antecipada ou completamente imprevista, desejada ou indesejada, mas tem de ser percebida como tendo um impacto significativo na tua vida.

Por exemplo, quando antecipas a tua entrada no ensino superior estás perante uma transição antecipada e possivelmente muito desejada por ti e pela tua família. No entanto, se os exames nacionais não te correm como esperado, apesar do teu estudo intenso, e põem em causa o teu ingresso na universidade, poderás estar na presença de uma transição indesejada e completamente imprevista. 

Saberás que estás a viver um momento de transição quando o acontecimento provoca uma mudança na forma como te vês a ti próprio/a, como vês o mundo à tua volta e, consequentemente, afecta a interação entre ti e o mundo. A transição pode constitutir-se como uma oportunidade para o teu crescimento ou, pelo contrário, pode bloquear-te, dependendo se tens ou não os recursos necessários para lidar eficazmente com ela, isto é, para efetuares com sucesso a mudança necessária e adaptares-te à nova situação.

Há muito tempo que as transições de vida e, em particular as relativas à escola – universidade – mercado de trabalho, deixaram de ser linerares e completamente planeadas. O mundo está instável, dinâmico, imprevisível, e assim está também a tua carreira! O melhor conselho para viveres com sucesso estas transições, numa época em que a predição do futuro se torna praticamente impossível, é a preparação. De seguida vou dar-te algumas dicas sobre os passos que deves antecipar em cada uma das transições.

Transição do ensino superior para o mercado de trabalho

Se te encontras no final do ensino superior, e tens de tomar uma decisão em relação à transição para o mercado de trabalho, aqui estão alguns aspetos em que deves refletir:

  • Verificar se tens os requisitos de formação necessários: na transição para o mercado de trabalho deves começar por verificar se possuis o nível de ensino que é habitualmente pedido para exercer determinada profissão (e.g., os psicólogos têm obrigatoriamente de possuir mestrado). Podes sempre investir numa pós-graduação, num mestrado, ou mesmo num doutoramento, se considerares que isso valoriza a tua inserção no mercado de trabalho e te aproxima dos objetivos profissionais que tens para ti;
  • Definir qual/quais as áreas profissionais e os contextos de trabalho em que te pretendes inserir: tendo em conta a tua formação académica, os teus interesses, conhecimentos, competências, e objetivos faz uma lista de possíveis áreas e contextos de traballho em que gostarias de te inserir;
  • Identificar quais os contextos de aprendizagem (formal e não-formal) em que estiveste envolvido, e que conhecimentos, interesses, e competências adquiriste ao longo desses diferentes contextos de aprendizagem: para cada área/contexto profissional anteriormente selecionado, identifica as características que possuis em termos de personalidade, interesses, competências, valores e objetivos de vida, e que poderão ser úteis para o que te estás a candidatar. Pensa em exemplos e situações concretas que ilustrem essas características;
  • Elaborar um conjunto de documentação que te permita dizer ao mercado de trabalho que estás disponível: procura informação e apoio sobre como elaborar uma carta de apresentação, como preparar um currículo vitae específico para cada entidade à qual te vais candidatar, e como te preparares e comportares numa entrevista de emprego (antes, durante e depois);
  • Fazer uma pesquisa ativa diária de ofertas de emprego: “procurar emprego é um trabalho a tempo inteiro”, por isso, faz diariamente uma pesquisa de anúncios de ofertas de emprego para as áreas/contextos profissionais que estás a privilegiar. Procura também empresas que, mesmo não estando a contratar, poderão ter interesse nas tuas características, e faz candidaturas espontâneas. Informa também a tua rede social (os teus pais, amigos, colegas, antigos professores) de que estás à procura de emprego, pois pode ser útil a colocar-te em contacto com o teu futuro empregador.

Apesar de todas estas transições serem muito distintas umas das outras, aqui ficam ainda algumas recomendações finais:

  • Qualquer que seja a transição em que te encontras, ela deve ser enquadrada num projeto de vida mais amplo, ou seja, pensa sempre em objetivos a curto, médio e longo-prazo.
  • Para qualquer tomada de decisão em relação ao teu futuro, torna-te um/a explorador/a: 
    • Explora informação sobre ti próprio/a (quem és, qual o percurso que fizeste até agora, e em quem pretendes tornar-te; conhece os teus interesses, valores, competências e atitudes);
    • Explora informação sobre o mundo educativo, formativo e profissional, que apoie uma tomada de decisão consciente e informada
  • Depois de tomares uma decisão desenvolve todo um plano de ação que aumente a probabilidade de alcançares os teus objetivos. Sê específico no seu desenvolvimento, antecipando passos, estratégias e atividades que deves colocar em prática. E, à medida que tornas o plano em ação, vai monitorizando a sua implementação.
  • Pede ajuda! Não tens de passar por estas transições com a sensação de que estás sozinho/a. Pode ajuda aos teus pais, colegas, professores, e psicólogos das instituições educativas em que te encontras. Consulta um psicólogo especialista em questões de carreira, pois qualquer que seja a transição específica que estás a vivenciar, este profissional estará a par dos desenvolvimentos teóricos mais recentes nesta área e saberá exatamente qual é o mais adequado para ti e para a tua situação de carreira.

unsplash-logoJoshua Earle


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