Erasmus Journal: A grande aventura!

5 meses a fazer Erasmus em Madrid: a minha experiência até agora

Redatora com Futuro
29 Março 2023

Foi no dia 31 de janeiro que me fiz à estrada com a minha família e rumámos até Madrid onde me esperavam 5 meses cheios de novas aventuras, novas experiências e sobretudo muitos desafios por superar.

Muitos foram aqueles que me perguntaram “Porquê Madrid?” ou inclusive me disseram “Erasmus em Madrid? Mas isso é aqui ao lado!”, mas quanto mais tempo passa mais acredito que a capital espanhola é uma ótima cidade para embarcar nesta aventura por diversas razões. É uma cidade onde há sempre algo novo para se fazer, um lugar diferente para se ir e, apesar de ser uma cidade com imensa gente e que nunca dorme, é possível encontrar-se muitos sítios calmos e muitos jardins e praças onde podemos descansar e aproveitar o momento.

 

Para ser sincera, Erasmus nunca foi algo que esteve na minha cabeça como um objetivo ou que queria mesmo realizar. Foi uma ideia que surgiu no meu 1º ano de licenciatura após uma palestra e decidi arriscar. 

Quando me inscrevi não tinha bem a noção do que seria viver 5 meses fora do meu país, longe da minha família e dos meus amigos, do meu habitat, de tudo aquilo a que me fui acostumando ao longo dos anos, inclusive o sistema de educação que é tão diferente. Estava apenas focada na ideia de viver um tempo no exterior, porque sempre foi algo que tive curiosidade em experimentar, mas pensei que apenas o fizesse já mais velha, após terminar os estudos. À medida que a data de começo desta aventura se aproximava senti um misto de emoções enorme, pois por um lado sentia a ansiedade a aumentar cada vez mais, o receio de uma escola nova, pessoas novas, língua nova, mas por outro o entusiasmo de ir para outro local aprender uma nova cultura, novos costumes, uma nova língua e visitar lugares lindos. 

 

O processo de candidatura e preparação de toda a documentação necessária é bastante extenso e cansativo, há imensos passos que tens de seguir para obteres tudo o que precisas tal como o Cartão Europeu de Saúde, a Carta de aceitação da tua universidade de destino e, dependendo da tua universidade, precisas também de descobrir que unidades curriculares existem no teu destino e quais se enquadram mais no teu plano curricular em Portugal para conseguires obter equivalências. No meu caso não existiam “packs” pré-definidos e, por isso, perdi bastante tempo a analisar cada disciplina e a comparar todas de modo a conseguir conciliar horários e arranjar equivalências, foi um período bastante chato, para não falar do quarto, onde é que eu iria dormir? Tive bastante sorte neste último campo, visto que conhecia algumas pessoas que tinham feito Erasmus em Madrid e me foram ajudando e dando dicas de onde talvez pudesse procurar quarto (uma dica para antes de ires: se conheces alguém que já foi de Erasmus, mesmo que não tenha sido no mesmo sítio para onde tu vais, pede ajuda, pergunta como fizeram, podem te dar vários conselhos extremamente úteis!)       

 

Como vim sozinha nesta aventura o meu processo de adaptação não foi muito fácil, o sentimento de solidão ao princípio era grande. Já estou habituada a não ir a casa dos meus pais durante períodos longos em Portugal, visto que só vou 1 vez por mês, mas já tenho os meus amigos e já estou familiarizada com a cidade da minha Universidade, neste caso tudo era novo e não tinha ninguém ao meu lado para partilhar as minhas experiências e o meu dia a dia, então senti a necessidade de ligar muitas vezes para Portugal. 

 

Durante o meu percurso escolar tive inglês e francês e, por isso, não tinha bases de espanhol e tudo o que eu conseguia fazer era falar português com sotaque (o famoso Portunhol!). Admito que esta grande barreira linguística foi um entrave no início para conseguir falar com as pessoas e fazer amigos, até porque os espanhóis são péssimos a falar inglês e mesmo quando conseguem é bastante difícil perceber o que dizem (acreditem, às vezes duvido seriamente do meu inglês), mas como não sou de desistir facilmente, todos os dias tento falar em espanhol e só uso o inglês em último recurso e curiosamente já me disseram que já falo muito bem espanhol para quem está a aprender no momento e, como é o normal, fui fazendo amizades novas, conhecendo mais gente e aos poucos e poucos o sentimento de solidão começou a desaparecer e tenho a certeza que a melhor parte desta experiência são as amizades internacionais que até agora já tive a oportunidade de fazer. Uma das coisas que acho mais engraçada quando estou a contar como foi o meu dia aos meus pais e amigos é a forma como tenho de identificar os novos amigos que fiz aqui. Já não posso identificar os meus amigos pelos seus nomes (até porque alguns eu nem consigo pronunciar muito bem), mas sim pelo seu país e são tão diversos desde a Suíça e Eslovénia até ao México, Peru e Austrália!

 

Senti uma grande necessidade de cozinhar aqui em Espanha porque a minha universidade não tem cantina o que, para mim que estava habituada a almoçar lá e trazer uma dose para o jantar, ao princípio me chocou um pouco. Apenas tenho um comedor onde existem micro-ondas para puder aquecer a comida que trago de casa e um bar que vende refeições com um preço que ronda os 10 euros e, por isso, tive mesmo de investir na culinária e descobri que afinal sei cozinhar (para terem a noção, os meus amigos na minha universidade em Portugal nunca me deixam tocar nos tachos, fico sempre a lavar a loiça no final ahaha), e às vezes até fico admirada com o que consigo fazer! Claro que não é nenhum cozido à portuguesa nem uma carne de porco à alentejana, mas tenho de admitir que a minha massa à bolonhesa e os meus bifinhos com cogumelos estão cada vez melhores!

 

Neste momento estou há quase 2 meses em Madrid e posso afirmar que está a ser uma experiência extremamente enriquecedora a todos os níveis. Desde o aprender uma nova língua e fazer amigos de todos os cantos do mundo a ter a possibilidade de aprender a cultura espanhola e o seu estilo de vida que, apesar de ser um país vizinho, é bastante diferente da vida que levava em Portugal e por ter escolhido a capital espanhola tenho a sorte de ter sempre algo para fazer e explorar num sítio onde me sinto bastante segura como mulher. Para não falar da sua centralidade em Espanha, que facilita imenso a possibilidade de visitar imensas cidades diferentes ao longo do país como Salamanca, Toledo, Aranjuez… 

 

O meu maior conselho para vocês que estão a pensar em realizar Erasmus é “arrisca”. Arrisca a todos os níveis, arrisca para vir nesta aventura quer sozinh@ quer acompanhado, arrisca e fala com as pessoas à tua volta, arrisca e vai àquele convívio ou jantar, simplesmente arrisca! Vais ver que vai correr muito melhor do que esperas e não precisas de ter medo.


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