Portugal é um dos países onde as pessoas trabalham mais horas e mais colaboradores admitem não conseguir conciliar como pretendiam o emprego e a família. Com tanta dedicação, seria normal ter altos índices de produtividade, mas acontece sermos dos países europeus com menor produtividade por hora de trabalho. Porquê?
É simples e complexo. Simples porque se explica com a errada noção de que estar presente (no emprego) é o indicador fundamental de que se está a trabalhar. Mas bem sabemos que podemos estar no trabalho a fazer tudo menos isso. É complexo porque advém de uma cultura de "presentismo", muito enraizada no nosso país - e se há aspectos difíceis de alterar são os culturais.
"Não é por estarmos oito horas fechados num escritório que somos mais produtivos. Pelo contrário, é mais eficaz se as pessoas não estiverem pressionadas para cumprir um horário, nem tiverem de ir para o escritório se não estiverem em condições”, explica Magda Pereira, do grupo OLX, ao Expresso.
Além do OLX, outras grandes empresas como a Nestlé ou a Cisco têm-se virado para esta faceta da flexibilidade, "avaliando os trabalhadores pelos seus resultados e cumprimento de objetivos, e não pelas horas que trabalham", conta o mesmo artigo.
Esta ideia parece-nos fundamental e vai ao encontro do que praticamos na Associação Inspirar o Futuro: os nossos projetos, tanto o Inspiring Future como o Unlimited Future, concretizam-se com base em objetivos. Tarefa a tarefa vamos delineando o produto final. Não nos interessa especialmente se o Bernardo está cá das 8h da manhã às 8h da noite se não conseguiu fazer aquilo que era preciso. Por isso, permitimo-nos trabalhar a partir de casa, não vir um certo dia, desde que tudo esteja dentro dos prazos previamente estabelecidos.
Além disto, é importante que os membros da nossa associação estejam motivados e isso passa por dar tempo para fazerem aquilo de que mais gostem - como estar com amigos e família -, desde que não descurem as respetivas responsabilidades.
“Trabalhar um número de horas além das que estão no contrato é muito comum em países latinos, como Portugal. É uma atitude para mostrar que se está a dar tudo e que se está sempre disponível. Nestes países, já se espera que as famílias estejam preparadas para isso”, explica Aristides Ferreira, professor do ISCTE, ao Expresso.
Outro player importante nesta mudança de paradigma é a entrada no mercado de trabalho dos chamados Millennials - trata-se de uma geração que busca muito mais a flexibilidade do que o dinheiro. Um tipo de colaborador que pretende autonomia e objetivos para estar motivado. E, apesar de novos, não precisam de quem os guarde, como diz Alexandra Líbano Monteiro, da Outsystems, no mesmo artigo: "Baseamo-nos numa cultura de trabalho de gente adulta e não de crianças controladas por uma babysitter.” É isso mesmo!!