Tal como muitos estudantes, no ano passado, 2019, andava a verificar curso a curso, para encontrar o que queria e me faria feliz.
Ao fim de muita pesquisa, de saber que queria seguir algo relacionado com ciência e de querer algo onde fosse possível fazer investigação, decidi que ia para Biologia.
Vi o plano curricular de todas as instituições portuguesas, fui eliminando algumas - às vezes por ter química, outras por ter demasiada matemática ou por não ter informática – e lá me decidi.
Certa de que esta era a instituição que queria para me licenciar, pu-la como 1ª opção na minha candidatura. As restantes foram opções disponibilizadas na mesma entidade.
Já tinha o quarto alugado, logo, fazia-me sentido introduzir as restantes opções, uma vez que também me sentia à vontade com as minhas notas.
Entrei na 1ª opção. Chorei quando recebi o resultado de tão feliz que estava, era mesmo o que queria. Não podia estar mais contente por poder contar à minha família e amigos que entrei no que sonhava.
Os primeiros dias foram difíceis, o normal para todos.... As primeiras aulas, tudo bem, estava a habituar-me e até tinha tido sorte, fui para o mesmo curso que alguns amigos.
Até aqui tudo parece correr bem, certo? Continua a ler, agora é que vem o plot twist.
Passada uma semana, não estava a gostar nem das aulas, nem do sítio onde vivia.
Se nunca passaste por esta situação, acredita em mim quando digo que é muito complicado estares afastado do teu “ninho”, ainda para mais num sítio onde não te sentes bem.
Pensei para mim “Isto é a fase de adaptação”. No fundo, este curso, que foi o que eu desejei durante tanto tempo, era o ideal e eu é que não estava a gostar da primeira matéria, mas com “as próximas vai ser diferente, de certeza!”, achava.
Passou-se um mês. Nesta altura já mal dormia, não saia com os meus amigos à noite e não me estava mesmo a sentir bem com tudo.
Quintas feiras académicas? Aquilo que, tantas vezes, ouvi falar de outras pessoas como sendo “absolutamente incríveis”? Fui a uma.
A certa altura, fui a casa no fim de semana e, ao voltar, vim a viagem de autocarro toda a dizer a mim mesma que ia conseguir superar esta fase, mas não aguentei mais.
Tive de ligar à minha mãe para me ir buscar e esta foi, muito provavelmente, a pior parte desta história, foi quando tive de lhe explicar tudo.
Ciente de que, não queria ou iria voltar, tinha de pensar em alternativas e já não ia a tempo de algumas – como por exemplo, da 2ª ou da 3ª fase do concurso nacional de acesso – portanto, resolvi alargar os meus horizontes.
Foi neste momento que surgiu a possibilidade de inscrição em unidades curriculares isoladas - há quem lhe chame Ano Zero ou Aluno Externo, ainda que haja diferenças.
Pensei: “Porque não? Não tenho nada a perder. E vou fazer unidades num curso que talvez seja bom para mim.”.
Ponderei e, apesar de investigação ser um sonho, cheguei à conclusão que não me importaria de pôr esta hipótese de lado.
Foi muito difícil encontrar um novo curso, pois se antes queria estudar uma coisa, agora apenas tinha a certeza do que não queria. O que por um lado abre muitas possibilidades, mas por outro tira-nos o chão do que acreditávamos.
Ainda que pudesse fazer investigação no novo curso que escolhi, apercebi-me de que não era isso que eu queria ou precisava. Na realidade, precisava de estar em contacto com pessoas, de falar com elas e de lhes dar o meu apoio.
Agora, passada esta fase tão turbulenta, com alguma certeza digo, “Vou ficar feliz quando na minha próxima candidatura selecionar Enfermagem como 1ª opção.”.
Ter constantemente pessoas a perguntar “E agora? Vais ficar parada? Vais perder um ano? Vais fazer o que da tua vida?” tornou tudo mais complicado, na altura, mas respondi quase sempre da mesma forma:
“Sim! Prefiro perder um ano para me conhecer melhor e ter algum grau de certeza do que quero, ao invés de ficar um ano “presa” a algo que só me fazia querer/pensar em sair.”.
Pode voltar a correr mal? Claro que pode!
Se tiver mesmo de ser, passo pelo mesmo processo! Ninguém tem de acertar nestas decisões à primeira, estamos agora a tomar decisões que dependem só de nós e mais sérias pela primeira vez.
Chega até a ser um pouco injusto que nos peçam para acertarmos tudo à primeira.
Agora já sei de coisas que não sabia antes, já tive a oportunidade de explorar muito mais de mim e do mundo, o que me dá mais segurança e esperança que as coisas vão alinhar-se e que estou no caminho certo.
Afinal, que piada é que isto teria, se não houvesse uns trambolhões pelo caminho?