Mercado de Trabalho

Relações humanas e trabalho remoto – é possível conciliar?

18 Agosto 2021

O trabalho remoto já era uma prática usual para muitos profissionais, desde que a inovação tecnológica abriu as portas para esta possibilidade. Contudo, a pandemia Covid-19 trouxe-nos a sua obrigatoriedade e acelerou o processo na maior parte das empresas do nosso mercado. Houve uma urgência de adaptação a esta nova realidade de forma rápida e eficaz para oferecer as condições essenciais a todos os colaboradores. Será que estávamos preparados para isso?

Penso que sim. Na ADENTIS, tendo em conta que estamos no setor das Tecnologias de Informação, esse não foi o desafio. O acesso a ferramentas colaborativas/ aplicações de comunicação online já era uma prática diária, desde o trabalho em rede e partilha de documentos online ao simples uso do WhatsApp, Skype, Zoom, Teams, é só escolher a que mais se adequa quer para reuniões formais como para proporcionar momentos de descontração entre colegas. Este talvez tenha sido, e esteja a ser, um desafio de forma geral: manter a cultura organizacional, “o” espírito de Equipa e a união que se sentia entre os vários pares que a constituem. 

Tal não significa que tenhamos, entretanto, virado costas uns para os outros ou que de repente nos tenhamos tornado antissociais. Simplesmente as coisas mudaram, não nos é possível agora ir almoçar com toda a Equipa, fazer a pausa para lanche ou realizar os nossos eventos mensais. Este é “o” desafio que acredito ser essencial e possível de ultrapassar. Para isso é indispensável que se aposte numa política de RH em que a proximidade/ relação entre colegas seja uma prioridade e, a meu ver, que a estratégia passe não só por este departamento mas também por toda a equipa de gestão.

O acompanhamento aos colaboradores sempre existiu na nossa organização, mas nesta fase reforçámos os contactos e substituímos os eventos presenciais por ações remotas, que nos ajudaram a manter próximos, divertidos (com alguns dos jogos que organizamos) e a não esquecer o espírito que nos caracteriza.

Não nos podemos esquecer que um vírus nos bateu à porta, sem ser convidado, e parece ter vindo com malas e bagagens para uma longa estadia. Esta foi a causa de uma grande mudança na vida de todos, originando uma sensação de insegurança, desconforto e quebra nas rotinas diárias. Portanto, se como defendia Aristóteles “somos aquilo que fazemos repetidas vezes. A virtude, então, não é um ato, mas um hábito”, temos a perceção que somos bastante resistentes à mudança e, por conseguinte, temos de criar novos hábitos para restabelecer a segurança, uma das necessidades básicas para a satisfação do ser humano segundo a pirâmide de Maslow.

Durante o período de confinamento sentimos o choque da mudança aliado ao desconhecido, ingredientes que destabilizaram a maioria dos elementos da nossa equipa, segundo um estudo realizado internamente. No mesmo destacou-se como principal dificuldade a gestão de tempo, ou seja, a separação da vida profissional versus pessoal. Logo, o facto de termos passado 24 horas fechados no mesmo sítio e rodeados pelas mesmas pessoas, num clima de instabilidade, não terá contribuído para preencher os critérios de satisfação ou para manter as relações humanas como até então.

A nível global, com o desconfinamento que se veio a efetivar progressivamente, com o regresso parcial aos escritórios, a abertura de espaços comerciais e o contacto que se proporcionou novamente entre pessoas, a sociedade começou lentamente a (re)criar rotinas e o bem-estar individual começou a ser reposto.

Aliás, das mais-valias do trabalho remoto apontadas num inquérito interno, destaco a redução de tempo gasto em deslocações, que por sua vez nos permite ter mais tempo para a vida pessoal, algo que no início deste período conturbado talvez não tenha sido logo percecionado, mostrando-nos a forma como funcionamos (tendo em conta que, em média, precisamos de 66 dias para criar um novo hábito).

Finalizando, e sabendo que em tudo temos aspetos positivos e negativos, a minha opinião, baseada inclusive nos contactos mantidos com os colaboradores da ADENTIS, é de que é possível ter o melhor dos dois mundos e acredito ser nesse sentido que devemos trabalhar. Preferencialmente sem Covid-19! Manter o trabalho remoto parcial conciliado com presença nos escritórios. Esta flexibilidade permitir-nos-á uma melhoria na qualidade de vida profissional vs pessoal, havendo espaço não só para cada um gerir da melhor forma o seu quotidiano como também proporcionando uma maior satisfação e disponibilidade para continuar a fomentar as relações profissionais. 

Será que estamos preparados para isso?

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