Há cada vez mais alunos universitários a precisar de apoio social

Ana Isabel Almeida
Editora Unlimited Future
1 Abril 2022

A Associação de Empresários pela Inclusão Social (EPIS) atribuiu, em 2021, 147 bolsas sociais num investimento de 290 mil euros (recorde de investimento até então). Este aumento significativo representa um crescimento de 96% em comparação com o ano de 2020 e de 171% com 2019. Constatamos ainda que 53 dessas bolsas (36% no total) foram atribuídas a alunos que iniciavam o ciclo de estudos (licenciatura ou mestrado), sendo que as restantes foram canalizadas para apoiar alunos que frequentavam o Ensino Secundário.

 

Diogo Simões Pereira, diretor-geral da EPIS, sublinha que “estamos longe das melhores práticas”, afirmando que Portugal está “abaixo da média europeia” no que diz respeito ao número de alunos que beneficia de apoios sociais. O responsável explica as conclusões da Associação após um estudo do relatório do “Estada da Educação 2019”, do Conselho Nacional da Educação, do qual retém que “em 2018/2019, a percentagem de alunos nacionais que receberam bolsas de estudo no 1.º ciclo do Ensino Superior foi inferior a de muitos países. Portugal situa-se no segundo escalão mais baixo (10% a 24,9%); Irlanda, Países Baixos (ambos entre 25% e 49,9%) e Suécia (>75%) estão melhor, mas isso também se verifica para Espanha, França, Reino Unido, e outros países com quem nos devemos comparar”, refere.

 

O diretor-geral da EPIS explica que estes países “são os que contam com mais alunos qualificados e são os que apostam muito em apoios sociais” e aproveita para afirmar que “(…), no nosso país, podemos estar a deixar alunos com mérito sem acesso ao Ensino Superior por falta de bolsas sociais” e que “vamos desperdiçar o talento de muitos jovens que pertencem a famílias que não podem suportar as despesas no Ensino Superior”. Para este, o desafio da mudança de panorama passa não só pelo Governo, como também pela sociedade civil e em particular pelas empresas.

 

Segundo Diogo S. Pereira, os alunos que se candidatam a bolsas da Associação de Empresários pela Inclusão Social para o Ensino Superior e mestrado são, por norma, de famílias com menos carências do que os alunos que solicitam este apoio para o Ensino Secundário. Ainda, aproveitou para evidenciar a falta de professores nas escolas e a necessidade de rejuvenescer a classe docente, uma vez que milhares de alunos estão sem professores e este problema só tendo a crescer.

 

Em suma, no entender do diretor-geral, “um sistema de bolsas de estudo com ampla cobertura parece ser fundamental” para que se possa ultrapassar a barreira que é colocada a estudantes com menos capacidade económica. Para os membros da Associação, constitui um dos principais desafios até 2030 “o aumento da percentagem de adultos com Ensino Superior”, algo que acreditam ser o “grande motor para o elevador social funcionar mais e melhor em Portugal”.

 

Importante saber que o programa de Bolsas Sociais da EPIS foi criado em 2011 e já apoiou 101 escolas e organizações, através da atribuição de 572 bolsas, num investimento de 922 mil euros, apenas possível através do apoio dado por 73 investidores sociais e 154 parcerias celebradas.


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